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SOBRE A EVANGELIZAÇÃO DOS INDÍGENAS / Análise

Altierez dos Santos

 

Escritor e pesquisador de

Novos Movimentos Religiosos

na Universidade

Metodista de São Paulo

 

8 de Outubro de 2015 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como historiador e fenômenos religiosos tenho visto muitas atrocidades cometidas em nome da evangelização. Não acredito que um cristão ir até outra cultura e dizer que a pessoa está "fora da verdade" seja uma atitude que Cristo apoiaria. Até porque a verdade não é um consenso: os protestantes divergem entre si, o catolicismo não reconhece o protestantismo, o pentecostalismo é recusado pelas comunidades protestantes e católicas. Outras manifestações religiosas espelhadas em aspectos do cristianismo como os espiritismos também recusam práticas "evangelísticas" e a postura evangélica e católica para com os espiritismos é ainda mais dramática. Resumindo, não há um consenso claro sobre a questão da verdade, por isso mesmo, não há também clareza sobre o que seria o conceito de “evangelizar”. Historicamente evangelização esteve aliada a projetos de poder como domínio político-religioso-militar, submissão de consciências, manipulação de forças produtivas etc.

 

As instituições cristãs baseiam suas ações evangelizadoras no chamado "Mandato Apostólico", expresso reiteradas vezes no Novo Testamento. Mas sobre ele não há certeza se o "ide e evangelizai" significa "ide e convertei". Jesus conversou com a samaritana, com o centurião e com Poncius Pilatus, pessoas que eram de outra religião, e não quis mudar ninguém para a sua religião, o judaísmo. Aliás, é paradoxal que os cristãos queiram fazer isto sem que o mestre (que tampouco era cristão) tenha mandado.

 

Embora o enfoque evangelizador do catolicismo e protestantismo histórico tenham mudado na segunda metade do século XX, muita violência aconteceu em nome da conversão à fé cristã do século XVI até então. Tais episódios, que são inumeráveis, ficaram marcados na História pela forma negativa como aconteceram.

 

Já os movimentos pentecostais e neopentecostais são muito jovens ainda perto do grande movimento do cristianismo; comparados com o catolicismo e a ortodoxia, nasceram ontem à tarde. Ao meu ver eles preservaram as principais linhas de ação do catolicismo romano e não me admira que uma igreja pentecostal instalada na favela de qualquer cidade tenha, no seu discurso e prática, a pretensão de se tornar uma nova Igreja Católica, "gloriosa e majestosa". A pretensão é esta, embora os discursos digam que não, as atitudes dizem que sim. É o que se pode chamar por uma demanda de legitimidade. Algumas igrejas e grupos pentecostais possuem , inclusive, uma prática pastoral bem próxima da inquisição, já que usam "disciplinas", promovem "cruzadas", discursos preconceituosos ou discriminatórios contra outras religiões. Esta é, em grande parte, a "evangelização" que é usada com os indígenas atualmente. Portanto, não e válida e deve ser sim, proibida. Nada de bom leva aos indígenas, basta percorrer o noticiário.

 

 

 

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