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IGREJA METODISTA NOS EUA SOFRE ATENTADO /

Crime de ódio e intolerância

 

Altierez dos Santos

18 de Junho de 2015

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O atentado cometido contra uma Igreja Metodista nos Estados Unidos teria algo a dizer a nós brasileiros?

 

Obviamente. Além do repúdio contra qualquer crime de ódio, apresentamos nossa solidariedade às vítimas daquela violência injustificada. É difícil não relacionar o ocorrido lá com alguns eventos que estão em evolução aqui no Brasil. Aqui, diante dos casos de agressão física a pessoas e símbolos religiosos, muitas lideranças e a mídia estão procurando colocar tudo às claras, pois o diálogo é a melhor forma de desmascarar fundamentalismos e intolerâncias. Ainda ontem víamos o caso da criança agredida com uma pedrada no Rio de Janeiro logo após sair de uma festa do Candomblé; em semanas anteriores vimos o caso da mãe de santo que faleceu provavelmente em virtude de ofensas recebidas por pessoas de outra religião e de alguns anos para cá vemos, finalmente, terreiros centros espíritas e igrejas católicas sendo atacados com frequência. Isso deve ser debatido com seriedade e imparcialidade.

 

Apresentamos  mais uma vez minha solidariedade aos membros da Igreja Metodista (que tem forte tradição humanitária e ecumênica) que foram martirizados pela intolerância e pelo fundamentalismo.

 

Compartilho, sobre o ocorrido, a reflexão de Magali Cunha (professora, jornalista e membro do Conselho Mundial de Igrejas, autora do livro "O rosto ecumênico de Deus").

 

"INSISTO: Há uma séria questão político-ideológica no caso do atentado à Igreja Metodista negra que precisa ser enfrentada pela comunidade internacional e por nós, no Brasil. Este quadro se desenha aqui com o discurso religioso midiático e com a bancada religiosa fundamentalista reacionária no Parlamento, aliada de ultraconservadores herdeiros da ditadura militar, empenhados em retroceder nas conquistas sociais pós-ditadura. E não tem papo de teoria da conspiração; basta acompanhar o noticiário (...)."

 

Intolerância não é algo bom em lugar nenhum.

 

MAS, AFINAL, EXISTE ALGUMA RELAÇÃO DESTE ATENTADO NOS eua COM OS QUE ACONTECEM AQUI?

 

Sim, ela existe e acontece da seguinte forma: uma ideologia religiosa "purista" (que não aceita de bom grado a diversidade) sai do discurso religioso ou político de algumas lideranças e passa a ser colocado em prática pelos seguidores. Estes, querendo "limpar" o mundo do que não combina com a fala dos líderes, passam a pautar suas ações pela separação aprendida na doutrina entre o que é puro e o que é impuro.

 

Uma relação que parece ser clara é a de um projeto político ligado a uma postura pessoal. Tanto lá como aqui há um discurso que prega "pureza" e segregação como condições para se alcançar uma realidade ideal. Para diversos grupos intolerantes estadunidenses a realidade ideal deve ser de uma sociedade "racialmente pura", sem negros, latinos e imigrantes em geral. Aqui algumas ideologias religiosas sentiram-se encorajadas a manifestar publicamente o a pregação de uma sociedade também pura, sem idólatras, bruxas, homossexuais e outras tantas categorias abrigadas sob o termo "abominações". O fundamentalismo e intolerância operam aqui e lá com lógicas semelhantes que nascem da desqualificação/supressão da humanidade do Outro (presentes no nível discursivo) e gradualmente iniciam práticas mais diretas com vistas a realizar a purificação. Anunciada e "profetizada" como o ponto de partida para a realidade ideal, a purificação implica a anulação mais direta do diferente. Isso pode incluir "ofensas" (como as feitas à Mãe de Santo Gildásia dos Santos e Mãe Mildreles Dias), "agressões físicas" (criança Kailane Campos), vandalismos (inúmeros terreiros e igrejas católicas no Brasil). O projeto político de diversos parlamentares da "Bancada da Bíblia" é claramente um projeto de supremacia, ou se preferirem, de batalha espiritual para libertar o País dos jugos opressivos de tudo o que possa desagradar ao colérico deus fundamentalista.

 

 

 

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Abaixo a notícia e imagem do suspeito, conforme o portal da Empresa Brasil de Comunicação:

 

http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2015/06/detido-suposto-autor-de-tiroteio-em-charleston 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O suposto autor do homicídio de nove pessoas, nesta quarta-feira  (18) em uma igreja da comunidade negra de Charleston, no estado da Carolina do Sul, Estados Unidos, foi detido nesta quinta-feira (19) segundo a polícia local.

 

O jovem branco de 21 anos, suspeito de ter cometido um dos piores crimes motivados por ódio racial ocorridos nos Estados Unidos há anos, foi intercetado em Shelby, no estado da Carolina do Norte, ao fim da manhã, durante uma operação, indicou o chefe da polícia de Charleston, Gregory Mullen.

 

O suspeito foi identificado como Dylann Roof, residente nas proximidades de Columbia, capital da Carolina do Sul, a noroeste de Charleston.

 

De cabelo cortado à tigela, Roof surge na sua foto de perfil da rede social Facebook usando um blusão negro com emblemas da bandeira sul-africana do tempo do Apartheid, símbolo do regime segregacionista e da bandeira da Rodésia, atual Zimbabué.

 

Esses dois regimes são muito admirados nos Estados Unidos pelos supremacistas brancos. O suposto homicida já tinha tido problemas com a polícia antes, em pelo menos duas ocasiões, por tráfico de droga.

 

O suspeito, “muito perigoso”, esteve “durante quase uma hora com o grupo” que estudava a Bíblia na igreja antes de começar a disparar,segundo o chefe da polícia de Charleston. Elementos da polícia federal (FBI) e de outras agências federais estão já envolvidos no inquérito.

 

A investigação federal foi aberta “em paralelo e em cooperação” com a das autoridades locais, informou o ministério da Justiça. A designação de crime racista permite ativar meios federais adicionais.

 

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